Exemplo de determinação e coragem, Flordelis enfrentou tudo e todos para criar seus cinqüenta filhos. A maioria deles, com idades variadas, tem um histórico desanimador: foram vítimas de abusos físicos ou sexuais, tiveram pais alcoólatras ou drogados, e passaram parte da vida nas ruas. Os cinco primeiros, ela tirou das drogas. Quatro são biológicos – e tratados como todos os outros, irmãos.
Sua história de coragem, fé, luta e amor virou um longa-metragem – “Basta uma palavra para mudar”, que teve um elenco literalmente “fantástico” composto por grandes artistas como: Glória Maria, Reynaldo Gianecchini, Thiago Lacerda, Aline Moraes e as Letícias Spiller e Sabatella que se ofereceram para propagar o emocionante trabalho.
Criada em uma favela, Flordelis estava acostuma a ver pessoas morrendo assassinadas e envolvidas no tráfico. “Eu tive sorte de ter uma mãe presente, mas o que mais me doía era ver amigos sem pai e/ou mãe vivendo nas ruas, dependendo de alguém pra conseguir alguma coisa para comer, correndo de tiros e confrontos. Isso sempre doeu no coração. O meu chamado tem a ver com isso por causa da minha história. Vi isso acontecer de perto” conta.
Seu trabalho começou com o projeto batizado de “Evangelismo da madrugada”, que consistia basicamente em sair de casa toda sexta-feira à meia-noite, perambulando de favela em favela do Rio de Janeiro, tentando resgatar jovens envolvidos no tráfico de drogas. Flordelis ficou famosa por seu trabalho de recuperação, até que as próprias mães, quando não tinham condições de criar os filhos, passaram a procurá-la pedindo ajuda.
A primeira adoção aconteceu após uma visita à Central do Brasil, lá ela encontrou uma mãe que havia tido bebê há apenas 15 dias e que confessou ter jogado a criança no lixo. Flordelis resgatou a menina e, dias depois, um grupo de crianças foi até sua casa, buscando a segurança e a estabilidade de um lar. As portas estavam abertas e foi assim que a família de Flordelis começou a crescer.
Além da óbvia complexidade em se ter 50 filhos dentro de casa, Flordelis também enfrenta alguns desafios para administrar e manter seu ministério. “Para sustentar toda a família é muito difícil. Contamos com a ajuda de moradores da nossa comunidade. Herbert José de Sousa, conhecido como Betinho, ativista dos direitos humanos nos ajuda há muito tempo também. Junto disso tem o dinheiro das vendas dos meus CD’s que sairam pela MK. Outra coisa que ajuda muito é que o Instituto da Criança é quem paga o aluguel na nossa casa” relata.
Mesmo conciliando a vida pessoal com o ministério como pastora e cantora, a supermãe faz questão de ser presente no dia a dia dos filhos. “Conciliar o papel de mãe é complicado. Apesar de tudo sou uma mãe presente. As viagens longas são poucas. Tento fechar agenda no estado mesmo. Assim separo o dia para estar com os filhos e o resto da família. Tenho me empenhado principalmente com as filhas adolescentes. É uma idade complicada e cheia de questões, então sempre separo um tempo para estar conversando com elas sobre tudo. Mas uma coisa que sempre deixo claro para os meus filhos é que só conseguiremos vencer se continuarmos juntos e se tiver o apoio deles, que é o essencial” diz.
Apesar das grandes dificuldades, a “mãezona” jamais abriu mão de nenhum dos seus filhos e seu exemplo de fé e determinação tem influenciado muitas mulheres pelo mundo. “Um recado que deixo para todas as mães é jamais abrir mão dos seus filhos. Nunca. Em hipótese alguma. Canso de ver mães perdendo os filhos para o crack e simplesmente desistindo. Elas devem ir pra rua, buscar eles onde estiverem, nem que seja na mão de traficantes. Não desista deles. Ouçam eles, saiba o que passa na mente deles e o que querem. Lugar de criança é com a família. Brigue por eles até as ultimas conseqüências” aconselha.
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